[Vale a pena] Ayrton Senna - O Musical no Rio de Janeiro

novembro 10, 2017




Nasci um mês após o acidente fatal de Ayrton Senna, mas isso não impediu que ele se tornasse um ídolo para mim. 

Meu pai é um grande fã do Senna, o que fez com que eu tivesse a oportunidade de crescer assistindo aos vídeos das corridas, entrevistas e, mais tarde, a diversos filmes e documentários sobre a vida do piloto e seu legado esportivo e social. Eu quis ter a papete do Senninha (sim, mesmo sendo menina), estudei em um colégio que tinha parceria com o Instituto Ayrton Senna, então tive todo o meu material escolar estampado pelo Senninha durante anos (tenho as pastas e alguns lápis até hoje!), tive camisa, boné e sempre, SEMPRE parava tudo o que estivesse fazendo para prestar atenção quando passava algum programa ou matéria sobre o Ayrton na TV. Já adulta, tive o privilégio de trabalhar em uma exposição que trazia, entre as peças selecionadas, um capacete usado pelo piloto alguns meses antes daquele maio de 1994. Além disso, qualquer evento que tenha um stand ou quiosque do Instituto Ayrton Senna é parada certa no meu roteiro, nem que seja só para assistir os vídeos dele. 

Foi por tudo isso que o meu coração bateu mais forte quando soube que a Aventura Produções faria um musical sobre Senna. E ontem, 09 de novembro de 2017, eu tive o prazer de assistir a estreia da produção no Rio de Janeiro. 




O musical conta com um elenco de vinte e quatro atores/cantores/bailarinos/acrobatas formado após audição entre 100 pessoas. Além disso, a produção tem ainda nomes como Renato Rocha (diretor), Gringo Cardia (cenário e direção de arte), Dudu Bertholinni (figurino), Felipe Habib (direção musical), Daniel Castanheira (criação sonora), Lavínia Bizzotto (coreógrafa), Anderson Montes (visagismo) e Claudio Lins e Cristiano Gualda (roteiro e canções originais). Um time de peso, à altura de um ícone como Ayrton Senna. 

A primeira coisa que você precisa ter em mente é que o objetivo do espetáculo não é ser uma biografia. É muito além disso. É um tributo, uma homenagem, um convite a mergulhar nas memórias sobre a carreira e a vida de Ayrton Senna. 

Para tornar isso possível, o musical recorre às artes circenses, que se encaixam perfeitamente à proposta do projeto. Prepare-se para receber todos os tipos de estímulo visual, porque a montagem não economiza nem um pouco neste quesito. Essa mistura de música, dança, texto e acrobacias me deixou com a sensação de ser criança novamente ao ficar tão entretida com a quantidade de cores, luzes, sons e performances acontecendo no palco. O mundo real ficou totalmente em segundo plano durante os 140 minutos do espetáculo. 

No primeiro ato você pode ficar um pouco confuso com a linha temporal, mas esta confusão faz parte da experiência. Ao decorrer do musical os fios vão se ligando naturalmente e, ao final, todas as pontas soltas ficam amarradinhas. Não há aquela quebra de ritmo que acontece em algumas produções quando é necessário encerrar um assunto ou mostrar a resolução de alguma situação. O roteiro é leve, fluido, pulsante de maneira bem cadenciada: depois de uma cena de extrema euforia e agitação há outra cena mais calma e reflexiva. Isso faz com que o público não fique cansado e não note o tempo passar. 

Prepare-se também para se emocionar MUITO se você é admirador do Senna. Principalmente durante o segundo ato. Para vocês terem ideia, eu chorei DE SOLUÇAR. O que achei realmente interessante é que não é um roteiro melodramático, a peça não foi escrita para fazer as pessoas chorarem horrores como se a notícia da morte de Ayrton tivesse acabado de chegar. O choro que esse musical provoca na gente é diferente: é uma mistura de comoção, saudade e beleza, porque tudo o que é abordado em cena é feito de maneira sensível e delicada. É lindo.



Claro que um musical sobre Ayrton Senna não pode acontecer sem falar de coisas como a relação turbulenta dele com a politicagem dentro da Fórmula 1; a forma como a mídia o tratava; as divergências com os patrocinadores; a rixa com Alain Prost; os amores; a sua relação com as crianças e com a família e, claro, o amor pelas pistas de corrida desde a infância. Tudo isso se mistura de forma bastante natural na montagem, nada parece forçado.

O elenco é também um espetáculo à parte. Todos os atores dançam, cantam, fazem acrobacias, interagem com elementos circenses, escalam coisas... Ao final da peça, fiquei com vontade de assistir a um making off com a preparação corporal e artística do elenco, porque olha... é de aplaudir de pé. Os destaques em cena, para mim, foram:

- Hugo Bonemer: (Ayrton Senna.) Chega a doer de saudade quando ele diz algumas frases famosas do piloto. Perfeito.
- Leonardo Senna: (personagens masculinos e acrobata) Sim, o irmão de Ayrton! Grande surpresa na minha opinião.
- Lana Rhodes e Natascha Jascalevich: (personagens femininos e acrobatas). Que vozes, que flexibilidade, que mulheres!
- Laura Braga: (personagens femininos.) Versatilidade pura! Do alívio cômico ao drama com a mesma delicadeza em ambos
- Victor Maia: (engenheiro.) Eu estou ainda sem palavras para o que este ator me fez sentir com seu personagem. Emocionante é pouco
- Lucas Vasconcelos: (Wandson). O moleque arrasou! Uma maturidade em cena que muitos atores mais velhos deveriam assumir.

Figurino, objetos cenográficos, luz e som se completam no espetáculo. Isso é bonito demais de ver porque a experiência se torna completa. A música é ao vivo (como em todo bom musical, na minha opinião) e de sincronia perfeita. As letras das canções originais são um pouco chicletes, mas sem perderem a poesia que permeia o espetáculo.

O texto do musical não é cômico e nem biográfico, como já citei anteriormente. Porém, considerei os alívios cômicos adequados, tanto em tom quanto em momento. Não é aquela coisa forçada para fazer você rir um pouco no meio de algo que deveria ser emocionante. É gostoso de ver.

Ayrton Senna - O Musical é aquele tipo de espetáculo que te faz voltar para casa comentando os detalhes, combinando de ir assistir de novo com os amigos, fazendo conexões naquilo que parece superficialmente muito simples. É bonito de ver, ouvir e sentir. Uma homenagem à altura de um dos maiores heróis brasileiros da história, que tocou o coração de tantas pessoas e que, mesmo depois de 23 anos, continua fazendo fãs e transformando vidas.


Ficou com vontade de assistir? Então confira as informações sobre a peça abaixo. Aproveite para conhecer o trabalho do Instituto Ayrton Senna e como ajudar a manter o legado deixado pelo piloto para o nosso país.


SERVIÇO - AYRTON SENNA, O MUSICAL
Local: Teatro Riachuelo Rio - Rua do Passeio, 40 - Cinelândia - Rio de Janeiro/RJ
Temporada: de 10 de novembro a 04 de fevereiro
Horários: Quinta e sexta às 20h30; sábado às 16h30 e 20h30; domingo às 19h.


Vendas: www.ingressorapido.com.br
Preços:
Quinta, sexta e sábado (16h30): Plateia - de R$25,00 a R$120,00 | Balcão Nobre - de R$25,00 a R$100,00 | Balcão - de R$25 a R$70
Sábado (20h30) e domingo: Plateia - de R$25,00 a R$150,00 | Balcão Nobre - de R$25,00 a R$120,00 | Balcão - de R$25,00 a R$80,00

Capacidade: 1000
Duração: 2h20 (com 15 min de intervalo)
Classificação etária: Livre



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